A Questão Coimbrã foi o primeiro sinal de renovação ideológica do século XIX entre os defensores do statu quo, desactualizados em relação à cultura europeia, e um grupo de jovens escritores estudantes em Coimbra, que tinham assimilado as ideias novas.
Com a famosa «Questão Coimbrã» pode-se dizer que se inicia o espírito contemporâneo nas letras portuguesas. Com ela entram em conflito aberto o novo espírito cientifico europeu e o velho sentimentalismo, domesticado e retoricizado, do Ultra-Romantismo vernáculo. O novo lirismo que aparecia: social, humanitário e crítico.
A «Questão», embora aparentemente literária, denunciava incompatibilidades mais profundas. Os jovens universitários de 1865 reagiam contra a falsidade que representavam muitos outros aspectos da vida nacional, produto da adaptação das formas alienígenas do liberalismo à velha estrutura tradicional do País. A revolta da mocidade coimbrã havia de eclodir num movimento político, filosófico e literário, cuja amplitude ultrapassou talvez a do próprio Romantismo.
O carácter regenerador e de revisão de valores, a ansiedade de reforma do estilo da vida e da literatura do país, o europeísmo cultural, a preocupação com as raízes históricas da decadência, fazem dela um antecedente da grande geração espanhola «de 98», que lhe é devedora em muitos aspectos fundamentais.
Hoje, já com uma perspectiva de distância histórica, essa geração, surgida à vida pública na famosa «Questão», avulta como uma das mais brilhantes constelações que a cultura portuguesa produziu em qualquer época.
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